Imagem de uma mão fazendo a divisão de bloquinhos de madeira, representando uma gestão financeira

O termo V.U.C.A. — que na tradução literal do inglês significa Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo — não é novidade para os profissionais de Recursos Humanos, afinal, a área convive com essas condições com grande frequência. Neste cenário, não é possível prever quando e o que acontecerá.

Hoje, em meio à pandemia do coronavírus, mais uma vez, o RH não pôde se antecipar e precisa, contra o tempo, agir para gerir uma possível crise que se aproxima ou que já se instalou na empresa. Por este ângulo, de certa forma, a crise é sim um momento de oportunidade. Ela exige que as corporações se reinventem, se tornem mais eficientes e competitivas. Neste processo, os colaboradores têm papel fundamental e o RH precisa ser protagonista de ações capazes de evitar problemas maiores.

Diante deste desafio, gerenciar uma crise que afeta o mundo é uma situação incomum. Por isso, nós, da Metadados – empresa que desenvolve um completo Sistema de Recursos Humanos – propomos uma conversa com a nossa Head de Pessoas, Andréia da Silva, e a Psicóloga e Consultora em Gestão de RH, Helena Brochado, para exporem seus pontos de vista e ações que os profissionais da área podem adotar para a gestão de crise no RH. Confira os principais pontos abaixo e, se preferir assistir ao vídeo, deixamos abaixo para você:

Gestão de Crise no RH

Até mesmo corporações que possuem um protocolo de crise sistematizado, com comitê, mapeamento de pontos críticos, perguntas e respostas, que lidam com temas sensíveis a todo momento, sentem a dificuldade de gerir uma possível crise no RH e na empresa neste momento, afinal, o tema é tão complexo e veloz que muda o cenário a todo momento e, claro, envolve diretamente a vida de muitas pessoas.

Por isso, o primeiro ponto a ser trabalhado neste momento é acerca das ações que podemos controlar, influenciar e aceitar. A técnica C.I.A., desenvolvida por Janet Feldman. No RH, podemos controlar ações de segurança para os colaboradores que continuam trabalhando, por exemplo. Quando pensamos em influenciar, o RH pode focar na comunicação transparente, no diálogo e até nas atitudes de líderes. Já no quesito aceitar, está tudo aquilo que ninguém pode mudar e precisa simplesmente aceitar, como a própria pandemia, as mudanças trazidas por ela, o distanciamento social e inclusive a paralisação das equipes que não podem continuar trabalhando remotamente.

medoto cia - gestão crise RH
Método C.I.A

Quando o RH trabalha essa técnica, de certa forma, alivia um pouco o peso das suas responsabilidades neste momento e passa a realizar suas atividades de forma mais leve e centrada.

Por isso, a felicidade é outro ponto que deve ser trabalhado. Isso mesmo! Em meio à crise ela é muito importante para o equilíbrio pessoal e profissional. Sabemos que o RH está passando por uma grande pressão. A constante mudança da legislação, insegurança para realizar os processos de acordo com as novas orientações, demissões, ajustes em contratos de trabalho, férias coletivas, e muitos outros. Tudo isso sobrecarrega o profissional que, naturalmente, esquece de se cuidar.

E quando falamos de felicidade, não é uma felicidade externa, mas de como se posicionar neste momento e de como enxergar os fatos ao seu redor de uma forma melhor, a partir de cada realidade.

Assim, com base na fórmula da felicidade de Sonja Lyubomirsky, que traz a felicidade como a soma de três fatores — 50% da felicidade é genética, ou seja, já nascemos com essa herança de felicidade; 40% é sobre as atividades que fazemos, que engloba viajar, exercícios, cultivar pensamento positivos, boas companhias, etc.; e 10% da felicidade é uma questão contextual, como o meu trabalho atual, minha idade, meu estado civil, etc. —, devemos amadurecer e internalizar essa questão para ficar bem e poder oferecer para o outro coisas boas também.

Fórumula da felicidade - gestão de crise
Fórmula da Felicidade

E, dentro de toda a carga que o RH enfrenta nesse momento, é preciso lembrar da Psicologia Positiva, de Martin Seligman, em que a ênfase se dá aos fatores que contribuem para o bem-estar da pessoa e não aos problemas. Neste sentido, podemos dizer que vivemos uma jornada de autoconhecimento, concentrando-se em nossas forças e virtudes a fim de trazer benefícios para o dia a dia.

Um exemplo dessas questões aplicadas na prática, são as tomadas de decisões. Se houver a necessidade de desligamentos, por exemplo, o ideal é que a comunicação seja feita de forma transparente e que todas as decisões sejam bem criteriosas, para que no final podemos dizer “fizemos nosso melhor”.

Dentro desse cenário, é preciso discernimento para trabalhar essas questões. Para isso, podemos trabalhar alguns pontos como:

  • Gratidão;
  • Investir em relações sociais;
  • Lidar com o estresse e aprender a perdoar;
  • Viver no presente;
  • Não julgar;
  • Comprometer-se com seus objetivos;
  • Cuidar da alma;
  • Cuidar do corpo: meditação, atividade física, sorrir;
  • Ajudar o próximo: gentileza;

Neste sentido, o profissional de RH precisa, antes de tudo, estar bem consigo mesmo e conhecer suas limitações. Nenhuma gestão de crise será eficiente se o profissional não estiver organizado internamente para que, mais uma vez, possa ser o suporte para diversos colegas e gestores que precisarão dele neste momento.

Outra ferramenta apresentada no bate-papo que pode ser utilizada para si, para as equipes da empresa, gestores e demais profissionais, é o “evento ativador de causas“:

Evento ativador
Evento ativador de causas

Todos temos emoções. No momento que temos consciência delas, elas se transformam em sentimentos e esses sentimentos viram comportamentos. Esse comportamento vai gerar resultados e ações. Então, conscientemente, devemos perceber se esses resultados são os que esperávamos.

Isto é, uma atitude para com o outro neste período pode ser muito mais a emoção à flor da pele do que o comportamento em si. Por isso, é fundamental prestamos atenção nesse ciclo e considerar o momento que estamos vivendo.

Outras questões que vêm à tona neste momento e precisam de gestão, segundo as especialistas, são:

  • Saber lidar com as críticas: em um cenário onde todos estão mais sensíveis, críticas podem ser mal interpretadas. Por isso, o ideal é saber acolhê-las, separar a “pessoa” da “crítica”, entender a intenção de quem a fez, questionar sobre ela e ficar apenas com o que pertence a você, isto é, absorver o que compete a você. Neste momento, faça o seu melhor e saiba que nem sempre agradamos a todos.  
  • Ações criativas: todos saímos da zona de conforto e isso assusta. Por isso, o RH pode oportunizar conteúdos positivos que tragam conforto e bem-estar. Trabalhe a criatividade e crie um ambiente mais tranquilo.
  • Papel do líder: este cenário reforça o papel o líder em momentos críticos.Por isso, conecte-se com sua equipe. Tenha empatia e reflitam juntos sobre os caminhos favoráveis.Fique disponível e leve pensamentos positivos aos liderados. Que tal um encontro virtual para saber como as coisas estão?
  • Importância da comunicação: a comunicação sempre foi a base de uma boa gestão.Hoje, mais do que nunca, ela se faz necessária da forma mais transparente possível. Fale com seus colaboradores. Mostre dados, fatos e cenários. Este é um momento delicado que precisa de clareza.
  • Como fazer mais com menos: este pode ser o momento ideal para se reinventar.Sabemos que trabalhar em abundância sempre é mais fácil, mas nestes tempos de pandemia, é preciso buscar alternativas. Já pensou em buscar talentos internos que possam auxiliar no desenvolvimento do time? Talvez, aquele momento de desenvolvimento que não encaixava na agenda chegou. Pense nisso!
  • RH estratégico: muito se fala sobre a área de RH ser estratégica e agir fortemente para o crescimento da empresa. Segundo as especialistas, este é o momento. É a hora do RH estar em conjunto com a direção, criando planos de contingência, desenhando cenários para que a gestão tenha subsídios para a tomada de decisão. Assim, o RH assume seu papel de protagonista no processo e comprova, mais uma vez, sua importância para a corporação.

 

E aí, o que achou? Interessante, não é mesmo!? Quer saber os detalhes desse bate-papo? Então acesse aqui a palestra gravada e tenha ótimas ações!