Síndrome de Burnout: o que é, sintomas comuns e como evitar
Saiba como rotinas desgastantes podem interferir na saúde física e mental

A Síndrome de Burnout é um problema global, que afeta pessoas de todas as etnias, classes sociais, profissões e regiões do planeta. Por isso, é um assunto que deve ser levado a sério. Felizmente, o tema tem se tornado frequente nas conversas dentro do ambiente corporativo.
De acordo com levantamentos feitos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 90% da população mundial relata sofrer com estresse em seu dia a dia. A longo prazo, esse problema pode gerar questões como ansiedade, depressão e doenças por transtornos, incluindo a Síndrome de Burnout.
Além disso, segundo dados do Ministério da Previdência Social, os afastamentos do trabalho por transtornos mentais dobraram nos últimos dez anos no Brasil, o que mostra um problema crescente na saúde mental trabalhista.
Neste artigo, produzido pela Metadados – empresa que desenvolve um sistema de RH completo – você encontrará informações sobre a Síndrome de Burnout, a fim de entender melhor a doença e saber como evitar casos na sua empresa.

O que é Síndrome de Burnout
A Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, é um distúrbio psicológico resultante do estresse crônico no ambiente de trabalho.
Traduzindo do inglês, "burn" quer dizer queima, e "out", exterior. Na CID-11, o burnout é descrito como uma síndrome originada no estresse do ambiente de trabalho, e demonstra três critérios que se sobrepõem:
exaustão;
distanciamento ou cinismo em relação ao trabalho;
redução da eficácia do trabalho, ou seja, da produtividade.
Ele também pode ser descrito como um sentimento de incompetência, muitas vezes resultado da desvalorização pessoal e profissional.
Desde 1º de janeiro de 2022, a Síndrome de Burnout passou a ser considerada doença ocupacional, após a sua inclusão na Classificação Internacional de Doenças (CID-11) da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na prática, isso significa que estão previstos os mesmos direitos trabalhistas e previdenciários assegurados no caso das demais doenças relacionadas ao emprego.
Os profissionais mais propensos a desenvolver a Síndrome de Burnout são aqueles que estão constantemente expostos a altos níveis de pressão, exigências elevadas e sobrecarga de trabalho.
Profissionais de áreas como Saúde, Educação, Assistência Social e Recursos Humanos, entre outras que demandam um alto nível de envolvimento emocional, são particularmente suscetíveis.
Sintomas da Síndrome de Burnout
Os sintomas da Síndrome de Burnout podem variar de pessoa para pessoa, mas alguns sinais comuns incluem:
Exaustão física e mental constante;
Falta de energia e motivação;
Dificuldade de concentração e memória reduzida;
Irritabilidade e isolamento social;
Sentimento de incompetência e baixa autoestima;
Insônia ou distúrbios do sono;
Queda no desempenho profissional;
Dores de cabeça e problemas gastrointestinais;
Aumento da frequência de doenças físicas, como gripes e resfriados;
Mudanças de apetite, como perda ou ganho de peso.
Quais são as 3 fases da Síndrome de Burnout?
Como já mencionamos, a Síndrome de Burnout é caracterizada por três dimensões principais. São elas:
1. Exaustão emocional
Costuma ser a dimensão mais evidente da Síndrome de Burnout e está relacionada à sensação de esgotamento emocional, perda de energia e desgaste psicológico.
As pessoas afetadas podem sentir-se emocionalmente drenadas, incapazes de lidar com as demandas do trabalho e apresentar dificuldades para se conectar emocionalmente com os outros, tanto no meio corporativo quanto no ambiente pessoal (família, amigos, etc).
2. Despersonalização
Nessa dimensão, ocorre um distanciamento das relações interpessoais no ambiente de trabalho. Quem é afetado costumar ter uma atitude negativa, cínica e despersonalizada em relação aos colegas, clientes ou pacientes.
Também podem ocorrer comportamentos de indiferença, sarcasmo e desrespeito, prejudicando a qualidade das interações e afetando o clima organizacional.
3. Baixa realização profissional
Essa dimensão está relacionada à percepção de incompetência, falta de realização e insatisfação com as conquistas profissionais. A pessoa afetada passa a questionar sua eficácia no trabalho, sente-se desvalorizada e experimenta uma queda na motivação e no senso de propósito.
A falta de reconhecimento e recompensa pelo esforço despendido também pode agravar esse sentimento de frustração.
Por outro lado, uma liderança humanizada, que preste atenção às necessidades dos colaboradores, pode ajudar a reverter esse quadro. Para saber mais sobre o assunto, confira mais um episódio do Talks da Metadados!
Quanto tempo pode durar um Burnout?
A duração do burnout pode variar de pessoa para pessoa. Em alguns casos, pode ser uma condição transitória, enquanto em outros pode tornar-se crônica. A gravidade dos sintomas, a capacidade de lidar com o estresse e a busca por tratamento adequado são fatores determinantes para a recuperação.
É importante ressaltar que a Síndrome de Burnout não é apenas um "dia ruim" ou um período de estresse temporário. Se não for tratada adequadamente, pode persistir e afetar significativamente a qualidade de vida, o desempenho profissional e a saúde física e mental do colaborador.
Em resumo: o Burnout é uma doença e os seus sintomas não devem ser minimizados, nem no meio corporativo, nem fora dele.

Quanto tempo de afastamento por burnout?
Como mencionamos, desde 2022 a Síndrome de Burnout é reconhecida como doença ocupacional, garantindo ao trabalhador direito ao afastamento pelo INSS, mediante atestado médico e laudos.
Nos primeiros 15 dias, o afastamento é responsabilidade da empresa; depois, o benefício passa a ser pago pelo INSS.
Não há um tempo padrão de recuperação, varia conforme o caso, podendo durar semanas ou meses. O importante é que o retorno ao trabalho seja feito de forma gradual, sempre com acompanhamento médico e com o apoio da empresa para evitar recaídas.
Como é feito o diagnóstico de Burnout?
O diagnóstico da Síndrome de Burnout deve ser realizado por um profissional de saúde mental, como um psicólogo ou psiquiatra.
Geralmente, ele é feito a partir da avaliação dos sintomas relatados, considerando os critérios estabelecidos pelos manuais de classificação de doenças, como o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).
O profissional realizará uma sessão inicial para obter informações sobre o histórico do paciente, seus sintomas, o impacto no trabalho e nas demais áreas da vida. Além disso, poderão ser utilizados questionários e escalas de avaliação para auxiliar no diagnóstico.
É muito importante ressaltar que o acompanhamento com o profissional deve ser contínuo, para que ele possa avaliar a evolução da doença e seus sintomas.

Diferença entre o Burnout e outras doenças ou transtornos mentais
Embora a Síndrome de Burnout compartilhe alguns sintomas com outras condições, como a depressão e a ansiedade, é importante entender as diferenças entre elas. A principal distinção reside no contexto em que os sintomas surgem.
A Síndrome de Burnout está diretamente relacionada ao ambiente de trabalho e ao estresse ocupacional crônico. Os sintomas geralmente se manifestam durante ou após períodos prolongados de trabalho intenso, pressão excessiva e falta de recursos psicológicos para lidar com as demandas profissionais.
Por outro lado, a depressão e a ansiedade podem ter causas mais abrangentes, como predisposição genética, traumas passados, fatores biológicos ou até desequilíbrios químicos no cérebro.
Além disso, o Burnout tem características específicas, como a exaustão emocional e a despersonalização, que não estão presentes em outros transtornos mentais.
Síndrome de Burnout ou Fadiga Ocupacional?
Por exemplo: embora a Síndrome de Burnout e a fadiga ocupacional compartilhem sintomas como o cansaço extremo e a redução no desempenho, elas não são a mesma coisa.
A fadiga ocupacional é um estado de esgotamento físico e mental, frequentemente reversível com descanso adequado e mudanças na rotina de trabalho.
Já a Síndrome de Burnout é uma condição clínica reconhecida como doença ocupacional, que envolve não apenas a exaustão, mas também alterações emocionais profundas, como despersonalização e o sentimento de baixa realização pessoal e profissional que citamos anteriormente.
Ou seja, enquanto a fadiga no trabalho pode ser um alerta inicial para sobrecarga, o burnout é uma doença, caracterizada por um estado de estresse crônico e contínuo, e exige intervenção profissional e tratamento.
Por isso é importante fazer uma avaliação precisa e criteriosa com um profissional da saúde mental, a fim de chegar ao diagnóstico correto, diferenciando a Síndrome de Burnout de outras condições.
Burnout no home office: como lidar?

Com a popularização do trabalho remoto, a Síndrome de Burnout também passou a ser observada nesse contexto. Embora o home office possa oferecer certas vantagens, como flexibilidade e conforto, também apresenta desafios específicos que podem contribuir para o desenvolvimento do burnout.
A ausência de uma separação clara entre trabalho e vida pessoal, a pressão para estar sempre disponível, a dificuldade de estabelecer limites, a falta de interação social presencial e a sobrecarga de tarefas são alguns dos fatores que podem aumentar o estresse e levar à exaustão emocional.
Para prevenir o burnout no home office, é necessária uma rotina equilibrada, com horários definidos para trabalho e descanso, criar um espaço dedicado ao trabalho, praticar pausas regulares, manter uma comunicação clara e assertiva com a equipe, além de buscar apoio de um profissional sempre que for preciso.
Como tratar a Síndrome de Burnout?
O tratamento da Síndrome de Burnout envolve uma abordagem multidisciplinar, com a participação de profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras. O objetivo principal é promover o bem-estar emocional, físico e social, além de restaurar a funcionalidade e a qualidade de vida do colaborador.
Entre as estratégias de tratamento, a principal delas é a psicoterapia, independentemente da abordagem psicológica utilizada pelo profissional. Qualquer uma delas consegue auxiliar na questão, estimulando o paciente para que ele consiga reestruturar o seu psiquismo para a nova realidade e evitar que sofrimentos maiores sejam causados.
Além disso, medidas de autocuidado são essenciais, como praticar exercícios físicos regularmente, adotar técnicas de relaxamento, cuidar da alimentação e do sono, estabelecer limites saudáveis, buscar suporte social e dedicar tempo a atividades prazerosas e hobbies.
Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicação, como antidepressivos ou ansiolíticos, para aliviar os sintomas associados à doença. No entanto, a decisão de prescrever medicamentos deve ser feita apenas pelo médico psiquiatra, levando em consideração a gravidade dos sintomas e a resposta individual de cada paciente.
Como o RH pode atuar para evitar o Burnout
As empresas, e em especial o profissional de RH, desempenham um papel muito importante na prevenção da Síndrome de Burnout entre seus colaboradores. Algumas medidas que podem ser adotadas incluem:
Promover um ambiente de trabalho saudável: criar uma cultura organizacional que valorize o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, incentive a comunicação aberta, ofereça suporte emocional e proporcione oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional;
Estabelecer metas realistas: evitar sobrecarregar os funcionários com excesso de demandas e prazos irrealistas. É importante que a empresa defina metas alcançáveis e proporcione os recursos adequados para a realização das tarefas;
Incentivar a autonomia e o empowerment: dar autonomia aos colaboradores, permitindo que tenham controle sobre o seu trabalho e possam tomar decisões sozinhos. Além disso, é essencial promover um ambiente de trabalho participativo, onde as opiniões e ideias dos funcionários sejam de fato valorizadas;
Implementar programas de bem-estar e qualidade de vida: desenvolva programas de saúde e bem-estar, como atividades físicas, sessões de relaxamento, palestras sobre gerenciamento do estresse e alimentação saudável. Se possível, estimule pausas regulares durante o dia de trabalho;
Fomentar uma cultura de feedback construtivo: estabelecer uma comunicação clara e aberta, fornecendo diferentes tipos de feedback regularmente aos colaboradores, reconhecendo suas contribuições e oferecendo suporte no desenvolvimento de habilidades;
Estabelecer políticas de flexibilidade e equilíbrio: por fim, incentive práticas como horários flexíveis, possibilidade de trabalho remoto ou híbrido, e até mesmo folgas, quando for necessário. Isso permite que os colaboradores tenham maior controle sobre sua carga de trabalho e possam conciliar melhor suas responsabilidades.
Conclusão
Como vimos, a Síndrome de Burnout é uma realidade que afeta muitos profissionais em diferentes setores. É fundamental reconhecer seus sintomas, buscar ajuda o quanto antes e adotar medidas de prevenção tanto no âmbito pessoal quanto organizacional.
Ao entender a importância de equilibrar o trabalho e a vida pessoal, estabelecer limites saudáveis e cuidar do bem-estar físico e mental, é possível prevenir o desenvolvimento de doenças ocupacionais como o burnout e promover um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.
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