Metadados Convida5 de novembro de 2025

Novembro Azul: como o RH pode ajudar a reduzir estigmas e incentivar hábitos de saúde contínuos

Confira as recomendações do doutor Vinicius Meneguette, urologista membro da Sociedade Brasileira de Urologia

Novembro Azul: como o RH pode ajudar a reduzir estigmas e incentivar hábitos de saúde contínuos

Você provavelmente já ouviu falar do Novembro Azul — talvez tenha visto o pessoal do RH vestindo azul em um dia especial do mês ou notado o símbolo do bigode azul em campanhas pela internet, na TV ou nas ruas.

Mas... você sabe como tudo isso começou?

A história remonta a 2003, na Austrália, quando um grupo de amigos decidiu deixar o bigode crescer para chamar atenção à saúde masculina. Nascia o movimento “Movember” — uma junção de “Mo” (gíria inglesa para mustache, bigode) com “November”.

O gesto simbólico logo se transformou em uma poderosa campanha global de conscientização sobre os cuidados com a saúde do homem — especialmente porque eles, em média, procuram menos os serviços médicos do que as mulheres.

O movimento atravessou oceanos e chegou ao Brasil em 2011, com o Instituto Lado a Lado pela Vida, que criou oficialmente o Novembro Azul.

Rapidamente, sociedades médicas, empresas e a grande mídia abraçaram a causa — inspiradas pelo sucesso do “irmão mais velho”, o Outubro Rosa.

Assim nasceu a mais emblemática campanha de saúde masculina da atualidade.

Por que falar de saúde masculina ainda é tão importante

O câncer de próstata é, sem dúvida, o tema mais lembrado quando se fala em Novembro Azul — e o famoso (e muitas vezes alvo de piadas) “exame do toque” acabou se tornando um símbolo da prevenção.

Mas o propósito da campanha vai muito além da próstata: o verdadeiro objetivo é recolocar o homem no centro do cuidado com a própria saúde.

Segundo o Ministério da Saúde, os homens vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres. Eles também fumam e bebem três vezes mais, morrem mais por doenças cardiovasculares e câncer, e — o dado mais preocupante — um terço deles nunca vai ao médico.

A pergunta que fica é: como mudar esse cenário? Como ajudar nossos pais, tios, irmãos e amigos a se cuidarem mais?

O papel do RH: saúde também é estratégia de carreira

De acordo com o IBGE, cerca de três em cada quatro homens fazem parte ativa do mercado de trabalho. Isso mostra que o ambiente corporativo é um dos melhores espaços para promover conscientização e acesso à informação.

Uma pesquisa do Ministério da Saúde (2022) revelou que quase um terço dos homens não procurou nenhum serviço de saúde no ano anterior — mas, certamente, a maioria esteve presente no trabalho.

É aí que entra o RH: promover campanhas, palestras, check-ups e ações educativas é essencial para incentivar o autocuidado.

“Água mole em pedra dura...” — quando o assunto é saúde masculina, é preciso persistência e constância. De pequenas conversas informais a eventos com especialistas, o papel do RH é romper tabus, reduzir preconceitos e criar uma cultura de prevenção.

Afinal, saúde também é produtividade, qualidade de vida e longevidade.

Bons hábitos vão muito além da próstata

O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum entre os homens, com mais de 1,1 milhão de diagnósticos anuais no mundo — e mais de 70 mil no Brasil. A cada oito minutos, um brasileiro descobre a doença; e a cada hora, duas vidas são perdidas para ela.

Mas a hiperplasia benigna da próstata (HPB) — o famoso “aumento benigno” — é ainda mais frequente. Apesar de não ser câncer, causa sintomas como dificuldade para urinar, desconforto noturno e impacto direto na qualidade de vida.

Esses sinais devem servir de alerta: é hora de procurar o médico.

O lado bom? A consulta urológica abre portas para um cuidado mais amplo. É o momento de revisar hábitos, praticar exercícios, melhorar a alimentação, dormir melhor e deixar vícios de lado.

O Novembro Azul é apenas o começo: a meta é fazer dele um estilo de vida.

Dicas para que o “Novembro” dure o ano todo

Agora que você já entendeu o propósito da campanha, vamos revisar alguns mitos e verdades — e, no fim, os cinco passos para uma vida mais longa e saudável.

Fato ou Fake?

Tenho familiares com câncer de próstata, devo me preocupar?

Fato! O risco é 2,3 vezes maior para quem tem histórico familiar.

Urino com dificuldade e várias vezes à noite. É câncer?

Fake! Pode ser aumento benigno da próstata, mas é essencial avaliar com um especialista.

Ouvi dizer que ejacular com frequência previne câncer de próstata.

Fato! Estudos sugerem que mais de 20 ejaculações por mês podem reduzir o risco.

Ando cansado, desanimado e sem libido. É falta de testosterona?

Nem sempre. O estilo de vida moderno — estresse, sedentarismo e má alimentação — costuma ser o verdadeiro vilão.

Não sinto nada, então estou saudável.

Fake! Hipertensão, diabetes e o próprio câncer de próstata são doenças silenciosas. Só exames regulares podem detectá-las a tempo.

Cinco passos para uma vida mais saudável

  1. Comece o dia com um copo de água e alguns minutos de reflexão. Evite o celular na primeira hora da manhã. Ela define o tom do seu dia.
  2. Prefira alimentos naturais e variados. Reduza industrializados, embutidos e produtos ultraprocessados.
  3. Evite álcool e cigarro. Se precisar de ajuda para parar, procure suporte médico — há excelentes programas disponíveis.
  4. Mantenha-se ativo. Pratique exercícios pelo menos três vezes por semana, alternando entre treino aeróbico e fortalecimento muscular.
  5. Cultive bons relacionamentos. Estudos de Harvard mostram que pessoas com relações saudáveis vivem mais e melhor. A conexão social é um remédio poderoso para corpo e mente.

E você? Quais dessas cinco atitudes já fazem parte da sua rotina — e quais serão as promessas para 2026?

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Conheça quem escreveu o artigo

  • Vinicius Meneguette
    Vinicius Meneguette

    Dr. Vinicius Meneguette, urologista membro da Comissão de Comunicação da Sociedade Brasileira de Urologia, especializado em Uro-oncologia e reconstrução genitorurinária e médico Uro-oncologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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