Riscos psicossociais: 10 dicas para o RH identificar
Confira como entender se os fatores estão associados ou não ao trabalho

A saúde mental dos trabalhadores sempre foi um tema importante, mas ganhou uma nova dimensão com a exigência da inclusão de fatores de psicossociais no Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). A exigência consta na Portaria MTE 1.419, publicada em 27 de agosto de 2024, que alterou o texto da Norma Regulamentadora 1 (NR-1)
O tema deixou de ser uma preocupação opcional para as empresas e passou a ser parte da legislação trabalhista. Isso impacta diretamente o Departamento Pessoal.
Afinal, quando um fator de risco está relacionado ao trabalho, ele deve ser tratado com medidas preventivas dentro da organização. O desafio começa justamente aí: como identificar se o risco é mesmo ocupacional?
Neste artigo, reunimos 10 dicas práticas para ajudar você a reconhecer os riscos psicossociais no ambiente de trabalho. O texto foi escrito por especialistas da Metadados, que desenvolve softwares de RH. Confira!
O que são riscos psicossociais do trabalho?
Os riscos psicossociais no trabalho afetam a saúde mental, emocional e física dos colaboradores. Esses riscos vêm de condições relacionadas à organização. Exemplos: excesso de demandas, relações interpessoais tóxicas, metas inalcançáveis, falta de apoio da liderança ou jornadas longas e mal distribuídas.
Esses fatores podem gerar estresse, ansiedade, burnout, queda de produtividade e até afastamentos prolongados. Ou seja, causam impacto significativo para as pessoas, as empresas e a Previdência Social. Por isso, a atualização da NR-1 passou a obrigar a inclusão deles no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO).
Saiba mais sobre os fatores psicossociais no nosso guia completo sobre o tema:

Quando os riscos psicossociais devem ser incluídos no PGR?
O prazo inicial previsto na atualização da NR-1 era 26 de maio de 2025, mas o governo optou por alterar a data. A Portaria MTE 765, de 15 de maio de 2025, define o novo prazo como 25 de maio de 2026. Portanto, as empresas têm até lá para revisarem o PGR. Depois disso, as que continuarem descumprindo a legislação estarão sujeitas a multas do Ministério do Trabalho.
Por enquanto, minha empresa pode ignorar os riscos psicossociais?
Não. Conforme a NR-17, os riscos psicossociais devem constar na Análise Ergonômica do Trabalho. Esse é um documento de Segurança e Saúde do Trabalho (SST). A partir dele, identificam-se soluções para melhorar a saúde e o bem-estar dos colaboradores diante das condições de trabalho.
Vale lembrar ainda que o descuido com o tema pode levar a processos judiciais por parte de sindicatos ou profissionais. Além disso, os riscos psicossociais causam danos ao bem-estar do colaborador. Isso pode desencadear um número elevado de faltas e afastamentos, o que implica em redução da produtividade das equipes.
Portanto, embora ainda não tenha de constar no PGR, os riscos psicossociais devem ser uma preocupação das organizações.
10 dicas para identificar se o risco é ocupacional (ou não)
Desde a publicação da nova NR-1, surgiram dúvidas sobre como identificar se o risco psicossocial está associado ou não ao trabalho. O entendimento é de que muitas situações são subjetivas e, portanto, é difícil atrelá-las ao trabalho especificamente.
No entanto, existem medidas a serem tomadas para facilitar essa identificação. Listamos 10 dicas para que o RH fique atento na hora de fazer a inclusão dos riscos psicossociais no PGR. Confira:
Observe padrões coletivos
Quando diferentes colaboradores da mesma área começam a apresentar quadros parecidos, vale acender o alerta. Avalie se esses sintomas surgem em períodos específicos. Isso pode indicar que o problema está ligado à rotina de trabalho.
Exemplo: estresse, ansiedade, insônia ou irritabilidade aparecem em membros de uma equipe de vendas sob pressão para fechar a meta recorrentemente.
Saiba qual é o impacto dos fatores psicossociais nas empresas nesse panorama produzido por especialistas:

Compare os sintomas com as atividades desempenhadas
As empresas devem analisar a relação entre as tarefas do colaborador e os sintomas relatados. Essa avaliação pode revelar a origem ocupacional.
Avalie se as queixas fazem sentido diante da rotina do colaborador. Atividades que exigem tomada de decisão constante, metas agressivas ou contato direto com o público tendem a gerar mais carga emocional. Entender esse vínculo ajuda o RH a agir com mais precisão e embasamento.
Exemplos: um colaborador sob constante pressão começa a apresentar sinais de ansiedade ou alguém exposto a conflitos frequentes relata crises emocionais.
Fique atento aos indicadores de absenteísmo e turnover
Um aumento repentino nas faltas ou nas saídas voluntárias pode ser um sinal de alerta. Quando muitos colaboradores começam a se afastar, seja por atestado ou pedido de demissão, é preciso investigar o que está por trás disso.
Avalie se esses movimentos estão concentrados em áreas específicas ou aconteceram após mudanças na empresa. O absenteísmo e o turnover são como “termômetros silenciosos” da saúde organizacional: mostram que algo pode estar errado antes mesmo de surgir uma queixa formal.
Avalie as jornadas de trabalho
Jornadas longas, horas extras frequentes ou falta de pausas podem comprometer a saúde mental. Quando a rotina de trabalho ultrapassa os limites do razoável, o corpo e a mente começam a dar sinais. Cansaço constante, ansiedade e dificuldade de concentração podem indicar que o colaborador está no limite.
Avalie se as equipes estão passando do horário com frequência. Verifique se há sobrecarga em certos períodos. Confira se as pausas da lei estão sendo respeitadas. A partir disso, faça a organização do trabalho de acordo com os parâmetros que garantem o bem-estar do colaborador.
Confira o checklist de como incluir os fatores psicossociais no PGR!

Converse com os colaboradores
O diálogo é uma das formas mais eficazes de identificar riscos psicossociais. Abrir espaço para escuta ativa ajuda a entender o que está por trás de um atestado ou de uma mudança de comportamento. Às vezes, a origem do problema não está só na carga de trabalho, mas em como a pessoa se sente dentro da equipe.
Avalie se há relatos de desmotivação, sensação de injustiça, conflitos interpessoais ou falta de apoio da liderança. Esses elementos, quando ignorados, podem virar gatilhos para afastamentos. Por outro lado, quando eles recebem atenção, é possível promover um ambiente mais saudável.
Monitore os canais de denúncia
Os relatos feitos por canais confidenciais podem revelar situações de assédio, sobrecarga ou ambiente tóxico. Mesmo quando não há uma queixa formal no DP, os canais de denúncia são uma fonte de informações sobre fatores de riscos psicossociais. Eles mostram o que muitas vezes é difícil de falar cara a cara, como problemas com líderes, tratamento desigual ou clima de medo.
Avalie se os relatos se repetem. Confira se envolvem as mesmas áreas ou gestores. Verifique se surgiram com sintomas como afastamentos ou queda de produtividade. O que entra como denúncia pode ser o primeiro sinal de um risco ocupacional, a que as empresas precisam ficar atentas.
Use avaliações psicossociais formais
Ferramentas como questionários e mapeamentos ajudam a identificar riscos antes que eles virem um problema. Eles fornecem dados concretos sobre o ambiente de trabalho. Assim, permitem verificar padrões de estresse, insatisfação ou sensação de insegurança entre os colaboradores.
Avalie se os resultados apontam para riscos em áreas específicas ou se há correlação com aumentos no absenteísmo, queixas emocionais ou rotatividade. Quanto mais estruturada for essa análise, mais fácil será agir antes que os impactos virem afastamentos.
Investigue mudanças organizacionais recentes
Mudanças na estrutura da empresa mexem diretamente com a segurança emocional da equipe. A chegada de um novo gestor, a saída de colegas próximos ou até a redistribuição de tarefas pode causar um efeito dominó de ansiedade, insegurança e sobrecarga.
Avalie se os sintomas apareceram logo após essas mudanças. Quando a instabilidade vira rotina, o colaborador pode se sentir pressionado a “dar conta de tudo” ou temer perder o emprego. Isso, claro, afeta a saúde mental e o rendimento.
Assista agora ao vídeo sobre os fatores psicossociais no PGR!
Capacite líderes e gestores
A forma como os líderes conduzem as equipes têm impacto direto na saúde mental dos colaboradores. Gestores despreparados podem gerar sobrecarga, insegurança ou até ambientes tóxicos. Já líderes bem treinados ajudam a prevenir conflitos, equilibrar demandas e acolher sinais de sofrimento com mais sensibilidade.
Avalie se os líderes da empresa têm preparo para lidar com situações emocionais, dar feedbacks de forma respeitosa e promover um clima de confiança. Muitas vezes, o problema não é o trabalho em si, mas como ele é conduzido.
Tenha uma gestão integrada de SST e RH
A troca de informações entre a área de Segurança e Saúde no Trabalho e o setor de Recursos Humanos favorece a identificação dos riscos. Quando esses departamentos atuam juntos, fica mais fácil cruzar dados de atestados, afastamentos, acidentes e clima organizacional. Isso permite entender se os sintomas têm origem ocupacional e quais medidas preventivas podem ser adotadas.
Avalie se existe um fluxo claro de comunicação entre os dois setores. Se não houver, organize um fluxo com reuniões periódicas, análise conjunta de indicadores e plano de ação integrado. Trabalhar separadamente pode atrasar o diagnóstico e aumentar os impactos no time.
Identificou um risco? O próximo passo é agir
Os fatores psicossociais devem constar no PGR a partir de 25 de maio de 2026. Mas não basta identificá-los e registrá-los. É preciso também adotar medidas para eliminá-los. Essas medidas têm de constar no PGR.
As empresas que descumprem a norma estão sujeitas a multas do Ministério do Trabalho, que variam de R$ 1.543,38 a R$ 4.498,71. Ignorar os riscos psicossociais pode gerar também processos trabalhistas. Além disso, há impacto na rotina da empresa, com altas taxas de absenteísmo e rotatividade.
Para tornar os processos mais simples no seu DP, você precisa conhecer o Flow. O sistema da Metadados foi pensado para integrar as rotinas de SST com o DP. Com ele, é possível cumprir exigências legais com mais segurança e menos retrabalho. Acesse o link abaixo e entenda como Flow pode fazer a diferença na sua rotina.
