Gestão de Pessoas30 de abril de 2025

Governança Corporativa: entenda por que ela importa para o RH

Governança não é só para a liderança. Entenda como o RH pode ser protagonista em práticas mais éticas e sustentáveis.

Governança Corporativa: entenda por que ela importa para o RH

Governança Corporativa é um daqueles temas que, por muito tempo, pareceram restritos ao topo das organizações. No entanto, com as transformações sociais, tecnológicas e regulatórias dos últimos anos, ficou claro que a governança impacta muito o dia a dia das empresas, desde decisões estratégicas até o engajamento das equipes.

Mas o que é Governança Corporativa, exatamente? Por que ela se tornou um tema tão relevante para áreas como o RH e a gestão de pessoas? E como ela se relaciona com temas como compliance, cultura organizacional e sustentabilidade?

Neste artigo, nós da Metadados, empresa que desenvolve softwares para Gestão de Pessoas, vamos aprofundar esses pontos e mostrar como os profissionais de RH podem e devem ocupar um papel central na promoção de práticas de governança responsáveis, humanas e eficazes.

O que é Governança Corporativa?

governanca-corporativa-regar.webp

A governançacorporativa é um conjunto de práticas e estruturas que orientam a gestão de empresas e organizações. Seu papel é garantir que a direção da empresa seja conduzida de forma ética, eficiente e alinhada aos interesses de todos os envolvidos, incluindo sócios, colaboradores, investidores e a sociedade em geral.

Isso significa assegurar que a empresa cumpra suas obrigações legais e éticas, tenha um direcionamento estratégico claro e preste contas de suas ações. Nos últimos anos, a governança corporativa ganhou ainda mais relevância diante de um contexto de rápidas mudanças e maior exigência por transparência.

Os 4 princípios da Governança Corporativa são:

  1. Equidade: tratar todos com respeito e de forma justa;
  2. Transparência: prezar pela clareza e acesso às informações relevantes sobre a empresa;
  3. Prestação de contas (accountability): assumir as responsabilidades e explicar as decisões tomadas;
  4. Responsabilidade: ter compromisso com a sustentabilidade e o desenvolvimento da sociedade.

Veremos adiante no texto um pouco mais sobre cada um deles. Antes disso, é preciso entender por que a governança deve ser uma preocupação do seu RH.

A importância da governança para empresas

Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a governança visa aumentar o valor da organização, facilitar seu acesso a recursos e contribuir para sua longevidade. Em outras palavras, trata-se de uma engrenagem que une integridade, desempenho e sustentabilidade.

No Brasil, temas como escândalos corporativos, ESG (Ambiental, Social e Governança) e a pressão por mais transparência nas organizações têm ampliado o interesse por esse assunto. A tendência é que empresas com boas práticas de governança sejam mais resilientes e confiáveis no mercado, além de mais atrativas para talentos.

Mais de 67% das empresas relataram, por exemplo, implementar mudanças relacionadas a ESG nos últimos três anos, segundo estudo do instituto Thomson Reuters. Isso reflete uma tendência de integrar sustentabilidade e valores corporativos à estratégia do negócio.

Além disso, o Código de Melhores Práticas de Governança do IBCG já sinalizava em 2023 uma maior atenção para temas de diversidade e meio ambiente, focando na sustentabilidade dos stakeholders e alinhando-se às demandas globais por critérios ESG.

E-book: como a diversidade e inclusão podem transformar sua empresa

Os 4 princípios da Governança Corporativa

As boas práticas de governança se baseiam em 4 princípios fundamentais: Transparência, Equidade, Prestação de Contas (accountability) e Responsabilidade Corporativa.

Esses pilares, consagrados em códigos como o do IBGC, orientam o comportamento ético e a gestão responsável. Vamos explorar cada um deles!

1. Transparência

Compromisso em disponibilizar informações de interesse aos stakeholders, indo além do exigido por lei. Isso inclui divulgar não só resultados financeiros, mas também fatores qualitativos que influenciam a gestão e a preservação do valor da organização.

A transparência fortalece a confiança e facilita a tomada de decisões informadas por parte de investidores, colaboradores e demais partes.

2. Equidade

A equidade diz respeito ao tratamento justo e isonômico de todas as pessoas envolvidas na organização, respeitando seus direitos e interesses, independentemente de posição, influência ou participação no capital. Isso inclui acionistas minoritários, fornecedores, clientes e, claro, os colaboradores.

A equidade promove um ambiente de justiça e engajamento, reforçando relações de longo prazo. Para o RH, esse princípio se traduz em políticas justas de remuneração, progressão de carreira e diversidade, combatendo privilégios e promovendo inclusão.

3. Prestação de contas (accountability)

Esse princípio exige que os gestores estejam preparados para explicar e justificar suas ações e decisões. Mais do que isso: devem estar comprometidos com a integridade dos resultados e com o cumprimento das diretrizes estratégicas da organização.

Aqui, entram os relatórios de desempenho, auditorias internas, comitês de ética e outros mecanismos que reforçam o senso de responsabilidade. Essa prestação de contas aumenta a confiança de investidores e da sociedade, pois demonstra comprometimento com a verdade e a ética.

4. Responsabilidade corporativa

Diz respeito ao compromisso dos gestores em zelar pela viabilidade econômica da organização a longo prazo, ao mesmo tempo em que reduzem os impactos negativos e ampliam os positivos de suas operações sobre a sociedade e o meio ambiente.

Temas como ESG, impacto social e sustentabilidade fazem parte desse princípio, e exigem uma atuação integrada entre áreas como gestão, finanças, compliance e RH.

Em resumo, a empresa deve assumir sua responsabilidade perante todos os públicos, sem focar apenas no lucro imediato, mas atuando de forma sustentável e socialmente responsável.

Compliance e Governança: dois lados da mesma moeda

Compliance pode ser entendido como o conjunto de práticas que assegura que a empresa está em conformidade com leis, normas e regulamentos, sejam eles internos ou externos. Já a Governança Corporativa define a estrutura em que essas normas são criadas, acompanhadas e evoluem.

A relação entre os dois é profunda e estratégica. Uma governança bem estruturada sem compliance é ineficaz; já um programa de compliance isolado, sem suporte da governança, tende a ser superficial.

No Brasil, o compliance ganhou destaque principalmente após a Lei Anticorrupção (Lei 12.846/2013), que responsabiliza as empresas por atos lesivos à administração pública. Desde então, muitas companhias investiram em programas de integridade para evitar multas e proteger sua reputação.

O que isso significa para os profissionais de RH?

  • Participar ativamente da criação e disseminação de políticas internas, como código de conduta, políticas de assédio, diversidade e uso de recursos corporativos;
  • Investir em programas de capacitação em ética e integridade, com foco na realidade da empresa;
  • Monitorar e fomentar o uso de canais de denúncia seguros e confidenciais, com investigação responsável e acolhimento das partes envolvidas;
  • Promover uma cultura de responsabilização, na qual regras não são apenas impostas, mas compreendidas e valorizadas pelos colaboradores.

Contar com o apoio de auditorias para aprimorar a governança tem ganhado ainda mais relevância, especialmente diante do cenário atual, em que a presença de fundos de Private Equity no Brasil vem diminuindo.

De acordo com o estudo “Brazilian Private Equity Outlook”, realizado pelo Insper em parceria com a Spectra, o número de fundos ativos no país caiu de 59, em 2012, para 29, em 2022.

A relação entre governança corporativa e cultura organizacional

Um dos pontos menos discutidos sobre a Governança Corporativa é sua relação direta com a cultura organizacional. Enquanto a governança dita o “como deve ser”, a cultura revela “como as coisas realmente são feitas” no dia a dia.

Se uma empresa prega ética, mas tolera desvios; ou diz valorizar diversidade, mas premia lideranças homogêneas e autoritárias, há um descompasso entre governança e cultura. E esse descompasso gera ruído, desmotivação e até riscos legais.

O RH, por sua proximidade com os times e capacidade de leitura do clima organizacional, é um aliado chave para alinhar governança e cultura. Isso pode ser feito por meio de:

  • Ações de endomarketing e comunicação interna que traduzam diretrizes da governança em comportamentos concretos;
  • Revisão de políticas e benefícios para garantir que reflitam os valores da empresa, e não apenas obrigações legais;
  • Programas de escuta ativa, como pesquisas de clima, e a construção de uma cultura de feedback. Iniciativas assim trazem à tona o que realmente acontece na organização.

O papel do RH na Governança Corporativa

Muito além da conformidade legal, a Governança Corporativa precisa ser vivida no cotidiano da organização. E é aí que o papel do RH se torna fundamental.

Quem saiu na frente já entendeu que a governança não é só uma pauta do jurídico ou do financeiro. Ela começa nos processos de recrutamento, se fortalece nos treinamentos, se manifesta nas decisões de liderança e se sustenta com boas práticas de gestão de pessoas.

Veja algumas formas de o RH contribuir com a Governança Corporativa:

  • Criar políticas organizacionais junto à liderança e ao jurídico, com linguagem acessível e aplicabilidade prática;
  • Promover a diversidade de vozes nos processos decisórios, garantindo representatividade e evitando vieses inconscientes;
  • Mapear riscos relacionados à conduta dos colaboradores, antecipando possíveis falhas e propondo soluções;
  • Acompanhar indicadores de clima, rotatividade e engajamento, como sinalizadores da saúde da governança interna.

Conclusão

Em tempos em que tudo muda muito rápido e que as exigências sociais são cada vez maiores, empresas que querem crescer de forma sustentável precisam investir em governança.

Para isso, é preciso enxergar a governança como algo vivo, colaborativo e transversal. Não basta um organograma bonito ou um código de conduta no papel: é preciso construir relações baseadas em confiança, responsabilidade e transparência. E isso passa, necessariamente, por uma atuação forte e consciente do RH.

Se você é um gestor ou profissional de Recursos Humanos, esse é o momento para se posicionar como guardião da cultura, da ética e do futuro da sua organização.

Inscreva-se na newsletter do RH da Metadados e esteja sempre bem-informado sobre as principais novidades e tendências no setor de Recursos Humanos e Departamento Pessoal.

Banner da Newsletter da Metadados

Conheça quem escreveu o artigo

  • Bruna Valtrick
    Bruna Valtrick

    Bruna é jornalista e produtora de conteúdo, especializada em SEO e Inbound Marketing, com mais de 7 anos de experiência. Acredita que boas histórias valem mais do que palavras difíceis e que todo texto existe por um propósito. Na Metadados, cria conteúdos estratégicos e sempre atualizados sobre Recursos Humanos.

  • Marta Pierina Verona
    Marta Pierina Verona

    Formada em Gestão de Pessoas e pós-graduada em Direito, Marta é especialista em eSocial e em Legislação Trabalhista. Com mais de 20 anos de experiência na área, atualmente, é consultora de aplicação na Metadados.

Conteúdos que
você vai gostar