Ilustração de boneco trabalhando com a postura correta.

A ergonomia no trabalho é uma forma de assegurar o bem-estar, conforto,  saúde e segurança dos colaboradores. Com isso, melhora-se a produtividade e reduz-se o risco de doenças ou lesões relacionadas às atividades desempenhadas rotineiramente.

Os princípios ergonômicos são aplicados em vários contextos, mas é provável que você esteja acostumado a ouvir falar deles como uma forma de prevenção a dores nas costas, tendinites ou bursites. É que esse é um efeito bastante reconhecido, especialmente com o avanço do uso de computadores nas últimas décadas.

No entanto, a ergonomia colabora em outras frentes, como na melhora de condições de cansaço ou fadiga. O objetivo principal, claro, é garantir que os colaboradores tenham um ambiente de trabalho adequado. Porém, a própria empresa se beneficia da adoção das medidas ergonômicas, já que eleva a qualidade do trabalho e a satisfação dos colaboradores.

Além disso, é importante lembrar que há uma série de regras a serem seguidas. Elas são determinadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Caso a legislação seja descumprida, tanto o empregado quanto o empregador podem ser punidos.

Como você percebeu, a ergonomia é um assunto com diversos desdobramentos. Por isso, nós da Metadados — empresa que desenvolve um completo sistema para a gestão de Recursos Humanos (RH) — elaboramos esse artigo para auxiliar o RH na melhor compreensão do tema.

O que é ergonomia?

A ergonomia é o conjunto de regras e procedimentos, que visa melhorar a interação entre pessoas, máquinas e ambiente de trabalho. Envolve produtos, sistemas e comportamentos com o objetivo de adequar os locais das atividades laborais às características, habilidades e limitações humanas. Assim, promove condições para o bem-estar dos colaboradores.

Um exemplo:

Uma secretária cuja função é receber os pacientes de um médico, preencher cadastros no computador e atender ao telefone pode desenvolver Lesões por Esforço Repetitivo (LER), dores nas costas e problemas de visão. Nesse caso, é obrigação do empregador orientá-la, fornecer os equipamentos necessários e adequar o ambiente de trabalho para evitar o aparecimento dessas condições de saúde.

Para isso, é preciso disponibilizar mesa na altura correta, cadeira com a possibilidade de ajustes, iluminação apropriada, mouse, teclado e tela do computador adequados. Essas são as situações mais evidentes, mas ergonomia envolve uma série de conceitos, como veremos a seguir. 

Ilustração de boneco trabalhando com pepinos nos olhos e toalha na cabeça.

Quais os tipos de ergonomia?

Com o conhecimento sobre o que é ergonomia, agora é hora de se aprofundar nas diferentes formas de aplicação dela. São sete tipos que você vai conhecer abaixo:

  • Ergonomia física: envolve o design do local físico de trabalho. Considera iluminação, temperatura, mobiliário e layout. Tenta minimizar a fadiga e o desconforto físicos. 
  • Ergonomia cognitiva: estuda a resposta emocional e mental que o trabalhador tem diante de solicitações de atividades que requerem esforço mental, raciocínio e concentração. Busca a preservação da saúde mental.
  • Ergonomia organizacional: foca-se na estrutura organizacional, nos processos de trabalho, comunicação e cultura. Objetiva melhorar a eficácia e satisfação dos colaboradores.
  • Ergonomia de correção: trata da adequação do ambiente de trabalho conforme o apontamento dos colaboradores.
  • Ergonomia de conscientização: volta-se ao engajamento dos colaboradores no tema da ergonomia, para que as ações sejam bem-sucedidas. 
  • Ergonomia participativa: promove a conscientização e a fiscalização da execução das práticas ergonômicas. Os envolvidos nesse processo solicitam e cobram os empregadores para as melhorias. 
  • Ergonomia operacional: busca evitar a sobrecarga de trabalho. Ou seja, desenvolve estratégias para otimizar a performance das equipes sem que isso impacte negativamente na rotina profissional e pessoal do colaborador. 

 O que são riscos do grupo ergonômico?

Os riscos do grupo ergonômico envolvem os fatores do ambiente de trabalho que podem afetar a saúde, o bem-estar e a segurança dos colaboradores. Veja alguns exemplos:

  • Postura inadequada: pode gerar dores musculares, lesões ou fadiga;
  • Movimentos repetitivos: podem levar a lesões por esforço repetitivo (LER) ou distúrbios osteo musculares relacionados ao trabalho (DORT);
  • Esforço físico excessivo: levantamento, transporte ou manipulação de cargas pesadas sem o uso correto de equipamentos podem aumentar o risco de lesões;
  • Iluminação inadequada: se a luz do ambiente de trabalho for insuficiente ou excessiva, pode haver fadiga visual, dores de cabeça e dificuldades de desempenho; 
  • Temperatura imprópria: temperaturas altas ou baixas demais junto com umidade extrema podem afetar a saúde dos colaboradores;
  • Equipamentos inaptos: o uso de equipamentos não projetados ergonomicamente pode gerar problemas de saúde;
  • Layout incorreto: a arrumação inadequada de equipamentos e móveis pode implicar em movimentos desnecessários e, consequente, desconforto;
  • Exigências excessivas: tarefas demais podem colaborar para o desenvolvimento de doenças psicossociais, como depressão e ansiedade. 

Ilustração de celular com várias notificações.

O que são equipamentos ergonômicos?

O uso de equipamentos ergonômicos é uma das principais indicações para se evitar as lesões e doenças mais recorrentes no ambiente de trabalho. Por isso, na hora da aquisição dos materiais, é preciso colocar uma lupa sobre essa questão. Esses equipamentos são desenvolvidos para se adaptar às características dos usuários, considerando aspectos como altura, alcance, postura e movimento. Abaixo trazemos exemplos de produtos ergonômicos. 

Cadeira ergonômica

As cadeiras ergonômicas são projetadas para fornecer suporte adequado ao corpo. Para isso, têm características específicas.

  • Ajustabilidade: têm várias opções de ajuste, como altura do assento, inclinação do encosto, apoio lombar e de braço;
  • Assento: é projetado para distribuir o peso do corpo de maneira uniforme, evitando pontos de pressão desconfortáveis. Geralmente, é acolchoado;
  • Rodízios: é comum que possuam rodízios na base para facilitar o movimento e evitar esforços excessivos ao alcançar objetos próximos; 
  • Respiráveis: utilizam materiais que evitam o excesso de calor. 

Mouses ergonômicos

Os mouses ergonômicos são desenvolvidos para reduzir o estresse e a fadiga das mãos, punhos e braços. Confira características comuns desses equipamentos:

  • Design contornado para se adaptar à forma natural da mão;
  • Apoio para os dedos que permite uma posição mais relaxada da mão;
  • Botões posicionados para serem facilmente acessíveis, o que reduz a quantidade de movimentos ou torções do pulso;
  • Botões personalizáveis para realizar funções específicas, o que diminui a repetição de movimentos;
  • Sensor de alta precisão torna os movimentos do cursor suaves e precisos, minimizando movimentos bruscos das mãos;
  • Roda de rolagem projetada para deslizar suavemente, retirando a necessidade esforços excessivos;
  • Conexão sem fio para garantir mais flexibilidade e reduzir a confusão causada por cabos;
  • Textura antiderrapante na superfície para garantir uma pegada firme e confortável.

Teclado ergonômico

Junto com o mouse, o teclado ergonômico torna o uso do computador mais confortável durante os longos períodos de trabalho. Pode ajudar a prevenir lesões relacionadas ao uso repetitivo do teclado. 

  • Layout com teclas dispostas de forma a minimizar os movimentos e esforços na digitação. Alguns, inclusive, são divididos em duas partes, para garantirem uma posição mais saudável às mãos;
  • Inclinação para fazer o ajuste à posição mais natural de mãos e pulsos;
  • Descanso para pulso na parte inferior para ajudar a manter essa parte do corpo em uma posição confortável durante a digitação;
  • Teclas de atalho programáveis para facilitar o acesso a funções específicas;
  • Materiais mais macios e confortáveis ao toque são usados para diminuir a pressão sobre as mãos. 

Tapetes antifadiga

Os tapetes antifadiga são projetados para proporcionar bem-estar para profissionais que passam longos períodos em pé, como trabalhadores industriais e de comércio varejista. São utilizados em ambientes como cozinhas comerciais, áreas de produção, balcões de atendimento, entre outros.

São feitos em material amortecedor, com superfície texturizada e têm espessura adequada para reduzir a pressão sobre pernas, pés e coluna vertebral. Podem ter design ergonômico, com áreas inclinadas ou elevadas. Também são projetados para serem fáceis de limpar.

Apoios para os pés

Esses apoios são usados para que o profissional, ao ficar sentado, consiga manter os pés encostados na superfície. Assim, promovem uma postura adequada e reduzem o estresse nas pernas e costas.

Os equipamentos devem ser ajustáveis em altura, ter superfície antiderrapante e serem feitos em materiais confortáveis. Alguns modelos permitem ajustar o ângulo de inclinação, o que atende a preferências individuais.

Esses são alguns exemplos de equipamentos ergonômicos, mas a realidade da sua empresa pode exigir outros. Portanto, é imprescindível que o RH fique atento à necessidade dos colaboradores.

Ilustração de crachás.

Como a ergonomia colabora para a organização?

A aplicação das normas ergonômicas traz também benefícios para as organizações. Ao desenvolver ações e incentivar os comportamentos adequados, as empresas reduzem afastamentos médicos, faltas ao trabalho, rotatividade de colaboradores e fadiga extrema.

O cumprimento das medidas ajuda a melhorar a produtividade. A preocupação das empresas com a qualidade de vida dos colaboradores também funciona como um incentivador ao melhor desempenho profissional. 

A lei obriga a adoção de ergonomia no trabalho? 

Sim, a ergonomia no trabalho é regrada por lei. O Ministério do Trabalho e Emprego, desenvolveu junto com entidades da classe a Norma Regulamentadora Nº 17. Ela estabelece as medidas a serem adotadas pelas empresas nos ambientes de trabalho do ponto de vista físico e psicológico.

O texto aponta:

“As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário dos postos de trabalho, ao trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas manuais, às condições de conforto no ambiente de trabalho e à própria organização do trabalho”.

A NR 17 detalha que as organizações devem realizar a avaliação ergonômica preliminar das situações de trabalho. O objetivo é identificar perigos e produzir informações para o planejamento das medidas preventivas.

Pode haver a necessidade de uma Análise Ergonômica do Trabalho (AET). Nesse caso, são conferidas as tarefas, os processos e atividades em cada posto de trabalho. Com isso, é possível verificar inadequações e fatores de risco. A AET é exigida quando:

  • É observada a necessidade de uma avaliação mais aprofundada da situação;
  • São identificadas inadequações ou insuficiência das ações adotadas;
  • É sugerida pelo acompanhamento de saúde dos trabalhadores, nos termos do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e da alínea “c” do subitem 1.5.5.1.1 da NR 01. O texto se refere a “evidências de associação, por meio do controle médico da saúde, entre as lesões e os agravos à saúde dos trabalhadores com os riscos e as situações de trabalho identificados”.
  • É indicada causa relacionada às condições de trabalho na análise de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, nos termos do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR).

É importante salientar que a NR 17 prevê o envolvimento dos colaboradores na AET.  O resultado desse estudo gera um laudo para que a empresa faça as correções para evitar problemas de saúde dos trabalhadores. Essa verificação das condições de trabalho é um processo contínuo e permanente, já que o objetivo é melhorar a atenção ao bem-estar das pessoas.

Quais as punições para o descumprimento da NR 17?

O descumprimento da NR 17 e, consequentemente, das medidas ergonômicas determinadas pode gerar punições.  As empresas notificadas por não se adequarem às normas recebem um prazo para os ajustes. Se o desrespeito à legislação permanecer em uma nova avaliação, as organizações podem ser multadas e acionadas judicialmente

Como manter a ergonomia no trabalho? 

Como vimos, a ergonomia envolve uma série de medidas. Por isso, cada empresa segue normas que se aplicam à própria realidade. No entanto, existem situações comuns que podem ser melhoradas com pequenas mudanças de atitudes individuais ou organizacionais.

Nesses casos, o RH pode servir como um incentivador ao colaborador e como um sinalizador de melhorias para a empresa. Abaixo, listamos comportamentos que podem ser adotados. Você pode imprimir, recortar e colar as dicas no mural da empresa. Outra opção é enviá-las por e-mail às equipes de trabalho.

Ilustração de robô com lupa.

Dicas básicas de ergonomia

No escritório

  • Fazer exercícios prévios ao início da jornada de trabalho, como aquecimento ou alongamento.
  • Sentar-se com os pés apoiados no chão. Os joelhos devem ficar na mesma linha do quadril. Pessoas de baixa estatura podem precisar de um apoio para os pés.
  • Evitar sentar-se sobre as pernas, com as pernas cruzadas ou deixar os joelhos flexionados com os pés apoiados na base da cadeira. 
  • Apoiar a coluna no encosto da cadeira. 
  • Aproximar-se da mesa para que o tronco não se projete para a frente. 
  • Apoiar o antebraço na mesa e manter os ombros relaxados.
  • Deixar a tela do computador ou notebook na altura dos olhos.
  • Se usar notebook, utilizar teclado e mouse externos.
  • Fazer pausas regulares no trabalho.
  • Alternar a postura: quem fica muito de pé deve sentar-se às vezes e quem fica muito sentado deve levantar-se regularmente. 
  • Verificar se a luminosidade do ambiente de trabalho está adequada. 

Em obras ou indústrias

  • Fazer exercícios prévios ao início da jornada de trabalho, como aquecimento ou alongamento.
  • Se for levantar cargas, cuidar para que o acesso esteja livre para evitar tropeços ou escorregões.
  • Ao levantar a carga, tomar a postura correta: flexionar pernas e tronco. Além disso, segurar a respiração. 
  • Distribuir o peso da carga nos dois lados do corpo. 
  • Fazer pausas regulares no trabalho.

Ergonomia no home office

O avanço do modelo home office significa um motivo de preocupação adicional às empresas interessadas em garantir o bem-estar dos funcionários. É preciso orientá-los sobre a escolha do ambiente de trabalho e as ações diárias de comprometimento com a própria saúde.

Além disso, as organizações precisam garantir o acesso aos equipamentos apropriados. Confira dicas para melhorar as condições dos colaboradores que trabalham em casa:

  • Conscientização: explique e reforce a importância de seguir as medidas ergonômicas adotadas pela empresa, mesmo trabalhando em casa.
  • Exercícios: sugira aos colaboradores a prática atividades físicas. A Organização Mundial da Saúde recomenda 150 minutos semanais de movimento. Estudos demonstram que o impacto das atividades físicas é positivo a nível corporal e psíquico. 
  • Saúde mental: incentive os colaboradores a ficarem atentos a condições de saúde mental, como depressão, ansiedade e Síndrome de Burnout. Explique como eles podem buscar ajuda na empresa, na rede particular de saúde ou no SUS.
  • Limites: lembre os colaboradores que, mesmo em casa, a jornada de trabalho não é contínua. Ou seja, ele precisa delimitar o tempo de atuação profissional em acordo com a empresa e conforme a legislação.
  • Programas de saúde: as empresas também podem adotar programas de saúde, como ginástica laboral online ou disponibilizar atendimentos com psicólogos. 

Como o RH pode colaborar para a ergonomia no trabalho?

A condução da ergonomia no trabalho costuma estar atrelada à equipe de Segurança do Trabalho. Porém, há espaço para o RH atuar nessa frente. A colaboração no levantamento dos problemas, no compartilhamento de ideias para a solução e no apoio à implantação das medidas são aspectos em que o setor pode se envolver.

O RH também pode favorecer o desenvolvimento de uma política voltada a esse cuidado, já que costuma transitar entre os colaboradores e a gestão. Além disso, a equipe deve transmitir informações aos funcionários. Portanto, tem de desenvolver uma comunicação interna efetiva e aplicar treinamentos eficazes.

Nesse sentido, é fundamental que o RH conheça bem o perfil do quadro de funcionários. Assim, pode atuar com mais chances de sucesso na implantação das medidas. Para entender melhor as características dos colaboradores da empresa, você pode utilizar o Analytics.

A solução da Metadados possibilita o acesso a uma série de dados. Conjuntamente, eles ajudam a desenhar a configuração da empresa em diversos aspectos, inclusive o perfil dos colaboradores e o risco trabalhista da organização. 

Banner do produto Analytics da Metadados.